A
Virgínia Wolff
Não
ouça o soluço,
o
choro. As águas
não
choram, não queixam,
não
deixam (não deixe)
que
a dor as consuma.
As
lágrimas somam-se
às
águas que seguem,
às
águas que levam,
às
águas que cegas
caminham
pro mar
onde
hão de perder-se,
aonde
desaguam
todas
as águas.
Não
tente, não sabes,
quão
forte é o medo,
(mais
forte que as águas)
quão
frágil é o corpo,
(mais
frágil que as águas)
quão
leve é a alma,
(mais
leve que as águas)
Não
pense, não veja,
meus
passos que cedem
(as
águas têm sede).
Não
sinta o que dizem
as
águas que lavam,
as
águas que cegas
me
levam pro mar
onde
hei de perder-me.
Minh’alma
é mais leve:
caminha
por sobre as águas.