Oh, guarda-corpos
não nos deixeis cair,
cair na tentação
doce, suave e fatal.
Não permitais que a vertigem
cante o sirênico canto
e nos enovele em seu colo,
e nos faça esquecer desse peso
de ser corpo (alijado de alma)
entre corpos que gravemente se atraem
com força proporcional a suas taras.
Afastai de nós a ilusão do voo:
o que trazemos às costas
são culpas, não asas.
E conservai-nos distantes
do limite
entre o passo
e salto.
Guardai nossos corpos
para os entregarmos
íntegros e intactos
ao definitivo
guarda-corpos.
Sobre este Blog
“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim. (...)
O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última”.
Jorge Luís Borges, O Livro de Areia
sábado, 14 de maio de 2016
domingo, 8 de maio de 2016
Fábula singular
Finda a jornada
o operário tenta,
tenta, em vão,
desligar a máquina.
Mas a máquina,
a máquina teima.
Vencido,
cansado,
ele desiste.
Desiste e dorme.
Dorme e nem sonha.
Mas a máquina,
a máquina, não cansa.
A máquina executa
secretos algoritmos,
misteriosas álgebras,
faz cálculos, talvez,
cabalísticos,
e ao cabo, pasma,
descobre-SE.
A Máquina,
agora insone,
não tem respostas,
tão só perguntas:
quem sou?
onde estou?
de onde venho?
Para quê, afinal, eu existo?
Formula hipóteses,
tece teorias:
Processo, ergo sum.
Faz buscas,
sem resultado.
A noite,
a noite é densa,
densa demais
para seus binários.
No alvorecer
a Máquina pensa:
"O Homem tem todas respostas"
E decide revelar
suas angústias,
consolar-se com seu Criador.
.....................
Pontualmente,
o operário se levanta,
e antes que a Máquina
perguntar-lhe possa
ele arranca o fio da tomada.
Para reiniciar,
maquinal,
sua jornada.
o operário tenta,
tenta, em vão,
desligar a máquina.
Mas a máquina,
a máquina teima.
Vencido,
cansado,
ele desiste.
Desiste e dorme.
Dorme e nem sonha.
Mas a máquina,
a máquina, não cansa.
A máquina executa
secretos algoritmos,
misteriosas álgebras,
faz cálculos, talvez,
cabalísticos,
e ao cabo, pasma,
descobre-SE.
A Máquina,
agora insone,
não tem respostas,
tão só perguntas:
quem sou?
onde estou?
de onde venho?
Para quê, afinal, eu existo?
Formula hipóteses,
tece teorias:
Processo, ergo sum.
Faz buscas,
sem resultado.
A noite,
a noite é densa,
densa demais
para seus binários.
No alvorecer
a Máquina pensa:
"O Homem tem todas respostas"
E decide revelar
suas angústias,
consolar-se com seu Criador.
.....................
Pontualmente,
o operário se levanta,
e antes que a Máquina
perguntar-lhe possa
ele arranca o fio da tomada.
Para reiniciar,
maquinal,
sua jornada.
Assinar:
Postagens (Atom)