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“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim. (...)
O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última”.

Jorge Luís Borges, O Livro de Areia

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A Obscena Senhora B.


Sua vinda mudara os hábitos da casa. Por exemplo, todos passaram a recolher-se mais cedo, alegando cansaço antes ignorado (justo, no entanto, pois duro era o trabalho nas minas). Mas foi apenas após sua chegada que eles passaram a queixar-se do sono e a ir deitar-se nem bem nascida a noite.Quando enfim a casa respirava silêncio, ela dirigia-se a um dos quartos. Uma fresta de luz se insinuava e expandia, dando passagem a seu vulto.

Sabia-se ansiosamente aguardada por um deles (o escolhido) e caminhava, lenta, até a cama. Suas mãos, alvas como algodão ou neve, roçavam aquele que, em prontidão, a esperava. Sonâmbula, o tocava e ao fim beijava-lhe a testa e o fazia sentir que sim; que valeram os esforços do árduo trabalho apenas para aquela rápida carícia: momento do indizível. Arremate: a respiração de ofegante se fazia alívio e o eleito podia, apaziguado, adormecer.

Silenciosa como entrara, ela saía. Em seus quartos, a aguardavam os outros seis homenzinhos.

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