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“Disse que seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia tem princípio ou fim. (...)
O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última”.

Jorge Luís Borges, O Livro de Areia

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Nasceres

Não me recordo, ao certo, quando foi que  nasceu a dúvida, talvez porque o que houve antes se destinasse  ao esquecimento. Sei do que veio após: o odor da existência inaugural, a face que as coisas tinham ao serem vistas pela primeira vez, a involuntária, mas harmônica, música das criaturas.
Mas a primeira lembrança, antes mesmo que soubéssemos ou suspeitássemos da própria nudez, foi o sabor doce e ácido  do fruto. E desde este momento já não estávamos mais no paraíso.
E houve tarde e houve manhã: um primeiro dia.

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