Finda a jornada
o operário tenta,
tenta, em vão,
desligar a máquina.
Mas a máquina,
a máquina teima.
Vencido,
cansado,
ele desiste.
Desiste e dorme.
Dorme e nem sonha.
Mas a máquina,
a máquina, não cansa.
A máquina executa
secretos algoritmos,
misteriosas álgebras,
faz cálculos, talvez,
cabalísticos,
e ao cabo, pasma,
descobre-SE.
A Máquina,
agora insone,
não tem respostas,
tão só perguntas:
quem sou?
onde estou?
de onde venho?
Para quê, afinal, eu existo?
Formula hipóteses,
tece teorias:
Processo, ergo sum.
Faz buscas,
sem resultado.
A noite,
a noite é densa,
densa demais
para seus binários.
No alvorecer
a Máquina pensa:
"O Homem tem todas respostas"
E decide revelar
suas angústias,
consolar-se com seu Criador.
.....................
Pontualmente,
o operário se levanta,
e antes que a Máquina
perguntar-lhe possa
ele arranca o fio da tomada.
Para reiniciar,
maquinal,
sua jornada.
Excelente!
ResponderExcluir